Estelionatária que roubou e dopou idosa em Copacabana pratica esse tipo de crime há mais de 20 anos
Uma mulher que tem facilidade para fazer amizades e que se aproveita da fragilidade das suas vítimas para ganhar intimidade e confiança. Para identificá-las, é capaz de observar durante dias a rotina delas em locais públicos, como praças ou praia. Busca uma característica em comum: precisam ser idosas, geralmente sozinhas e carentes.
Convincente, consegue um emprego como acompanhante, o sinal para entrar na casa delas. Fica o tempo suficiente para roubar joias, dinheiro e cartões de crédito. Essa era a estratégia da estelionatária Rosângela Ferreira da Silva, que agia, principalmente, em Copacabana. Uma tática que pratica há pelo menos 22 anos.
Rosângela possui 11 anotações criminais na sua ficha. O primeiro caso foi registrado em 1989, na Gávea, quando tinha apenas 30 anos. Entre 1998 e 2000, acumulou cinco condenações por crimes semelhantes. Em 2007, fingiu ser amiga do padre de uma paróquia para se aproximar de uma viúva, que a contratou como acompanhante por dois meses. O golpe foi de R$ 150 mil.
O “trabalho” de Rosângela só foi desmascarado há cinco dias, quando foi acusada de dopar e roubar Nelly Bressan, de 84 anos, num apartamento em Copacabana. Depois de ser presa, na terça-feira, outras quatro vítimas foram à 12ª DP (Copacabana) para denunciar a estelionatária.
Vida de idosa é devastada pelo golpe de Rosângela
Apesar da idade avançada, Nelly era independente. Morava sozinha num prédio na Rua Santa Clara, a duas quadras da praia de Copacabana. Duas vezes por semana, fazia hidroginástica. E passava as tardes num banco perto da Avenida Atlântica, onde batia papo com as vizinhas — o mesmo banco onde conheceu Rosângela. A estelionatária foi flagrada pela câmera do elevador do prédio da idosa levando uma sacola, na tarde de 14 de junho.
Dopada, a idosa só foi socorrida na manhã seguinte porque puxou o interfone. Enquanto estava internada, na CTI de um hospital particular, começou a delirar. Disse que estava num cativeiro e acusou a enfermeira de estrangulá-la.
— Ela está assustada e não lembra de nada. A vida dela nunca mais vai ser a mesma — lamentou a funcionária pública Jaciara Caldeira de Souza, filha da idosa.
Golpe em senhora cega
Em setembro de 2009, Rosângela se aproximou de uma idosa de 78 anos, que caminhava com a neta numa praça em Copacabana. Passou a frequentar a sua casa. Na última visita, saiu de lá com R$ 7, para comprar suspiros. Não voltou mais. E a idosa provou o gosto amargo de ser roubada na própria casa ao perceber que Rosângela levou os R$ 3.000 que guardava numa mala.
Dois anos depois, a idosa ainda lembra da voz de “sotaque nordestino”. Mas é só da voz que lembra. A vítima precisou da ajuda da neta para identificar Rosângela na delegacia de Copacabana. A idosa é cega.
Comentários
Enviar um comentário